quarta-feira, 2 de maio de 2012

Lenda da Cobra Grande

De origem ameríndia, a lenda da Cobra Grande ou também chamada de Boiúna, Cobra Norato ou Mãe Grande fala de uma imensa cobra de tamanho descomunal, que habitar a parte profunda dos rios e lagos e que tem corpo e olhos luminosos além de poder assumir outras formar para enganar o caboclo.




A lenda é bastante conhecida entre as populações ribeirinhas da Amazônia que afirma que ao se rastejar pela terra firme, os sulcos que a cobra deixa se transformam nos igarapés e rios.




Existem diversas versões locais desta lenda. Nos Rios Solimões e Negro, por exemplo, a Cobra Grande nasce do cruzamento de mulher com uma assombração (visagem) ou de um ovo de mutum.
Outra versão da região do Rio Solimões conta que a filha de um pajé foi seduzida por um forasteiro e deu à luz gêmeos: José e Maria. No entanto quando nasceram, o velho pajé matou sua filha e atirou as duas crianças na água. José morreu, mas Maria recebeu a proteção de Iara que a transformou em uma enorme serpente com olhos de fogo, a Cobra Maria derruba barrancos, afunda canoas e encalha navios.


No Rio Tocantins, conta-se que uma índia engravidou da Boiúna e teve duas crianças: uma menina chamada Maria e um menino chamado de Honorato. Para que ninguém soubesse da gravidez, a jovem jogou as crianças no rio na tentativa de mata-los. Porém as duas crianças sobreviveram e nas águas dos rios se criaram como cobras gigantes. Desde a infância os dois irmãos já demonstravam uma grande diferença de personalidade. Maria fazia de tudo para prejudicar os pescadores e ribeirinhos, afundando os barcos para que seus tripulantes morressem afogados.


Ao contrario da irmã Honorato sempre que sabia que ela ia atacar algum barco, tentava salvar a tripulação. As tentativas de impedir as maldades de Maria fez com que uma rivalidade surgisse entre os irmãos. Até que um dia os dois travaram uma briga mortal onde Maria foi derrotada. Assim, as águas da Amazônia e seus habitantes finalmente ficaram livres da maldade de Maria. Honorato, entendendo que já havia cumprido sua missão, desejava voltar para sua forma humana. Para isso, precisava que alguém tivesse a coragem de derramar “leite de peito” em sua boca em uma noite de luar. Feito isso, essa pessoa destemida ainda teria que provocar um sangramento na cabeça gigantesca de Honorato para que a transformação pudesse se completar. Porém ninguém tinha coragem, até que um dia um soldado do município de Cametá, no estado do Pará, conseguiu libertar Honorato do terrível encanto, deixando de ser cobra d’água para viver na terra com sua família.
Em Roraima a lenda diz que uma linda índia, princesa da tribo, ao apaixonar-se pelo Rio Branco, foi transformada numa imensa cobra chamada Boiúna pelo enciumado Muiraquitã. A Boiúna é tida na região como protetora daquele rio, ajudando os pescadores e punindo os predadores de suas águas.




No Acre, a entidade mítica transforma-se numa linda moça, que aparece nas festas de São João para seduzir os rapazes desavisados, como se fosse a versão feminina da lenda do boto cor de rosa.
O mito da Cobra Grande também se manifesta nas crenças das populações urbanas. Diz-se que algumas cidades supostamente estão localizadas sobre a morada da Cobra Grande, como Santana-AP e Parintins-AM por exemplo.
Em Belém, acredita-se que existe uma cobra grande adormecida embaixo da cidade, sendo que sua cabeça estaria sob o altar-mor da Basílica de Nazaré e o final da cauda debaixo da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Os mais antigos dizem que se algum dia a cobra acordar ou mesmo tentar se mexer, a cidade toda poderá desabar. Por isso, em 1970 quando houve um tremor de terra na capital paraense falava-se que era a tal cobra que havia apenas se mexido.
Existem de fato cobras de tamanho grande na região amazônica, que habitam as águas dos rios e lagos, onde nadam e mergulham. São chamadas de Boiaçu, Sucuri, Sucuriju ou Anaconda. Pesam em geral 150kg e medem de cinco a sete metros, mas existem descrições de exemplares com mais de 11m.


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